7 de set. de 2009

Novo site da Yorenka Ãtame



Conheça AQUI o novo site do Centro Saberes da Floresta Yorenka Ãtame.

Realizado pela Rede Povos da Floresta, o site traz informações sobre o povo Ashaninka, o Centro Yorenka Ãtame e a programação das oficinas.

3 de dez. de 2008

Apiwtxa inaugura o blog Saberes da Floresta



Queridos Amigos,

Na data de hoje estamos, com muita alegria, inaugurando o blog Saberes da Floresta, do Centro Yorenka Ãtame Saberes da Floresta.

Nosso objetivo é o de tornar acessível, a todos, todas as informações geradas pela Apiwtxa especificamente sobre o nosso trabalho no Centro de Formação Saberes da Floresta Yorenka Ãtame.

Por favor, considerem os posts anteriores a este como a memória do que geramos até aqui.

Desejamos que esta seja mais uma ferramenta de proteção da floresta, dos povos indígenas, populações e conhecimentos tradicionais ligados à ela.

Abraços,
Benki Piyãko
Coordenador do Centro Saberes da Floresta Yorenka Ãtame

15 de nov. de 2008

Yorenka Ãtame Ashaninkas

Veja aqui o filme Yorenka Ãtame Ashaninkas, realizado pela Rede Povos da Floresta, com roteiro e direção de Stefania Fernandes e imagens de Bebito Ashaninka.

26 de set. de 2008

Galeria de fotos


Caros amigos,

Aqui vão algumas fotos dos trabalhos desenvolvidos no Centro Yorenka Ãtame para que vocês tenham conhecimento do que estamos fazendo com os jovens indígenas e não indígenas do Município de Marechal Thaumaturgo.

Um abraço a todos, Benki Piyãko

Centro Yorenka Ãtame

25 de set. de 2008

Apoio ao Projeto Escola Ashaninka Yorenka Ãtame

por Brasilien Magazin e.V.

A organização sem fins lucrativos Brasilien Magazin colabora com vários projetos beneficentes e culturais.

Foto Brasilien Magazin e.V.
Debate sobre os problemas de desmatamento na Amazônia com o líder Ashaninka Moisés Piyãko e uma funcionária do Greenpeace

Através da visita do líder Ashaninka Moisés Piyako à Alemanha, a convite do Brasilien Magazin e.V., surgiu o desejo de apoiar o projeto escola do povo Ashaninka chamado Yorenka Ãtame, um centro de formação, educação e difusão de práticas de manejo sustentável dos recursos naturais da região do Alto Juruá voltado para indígenas e não-indígenas.

Foto Brasilien Magazin e.V.
Equipe do Brasilien Magazin com o líder Ashaninka Moisés Piyãko

Desde 2006 o Brasilien Magazin e.V. busca parceiros na Alemanha para ajudar os Ashaninka a continuar o seu trabalho, preservando seus conhecimentos tradicionais, fortalecendo e ampliando sua luta para a proteção do meio ambiente e o desenvolvimento sustentável da região do Alto-Juruá, uma das regiões mais ricas em biodiversidade do planeta.

Saiba mais AQUI.

11 de set. de 2008

Funbio apóia Yorenka Ãtame

Índios e extrativistas trocam saberes da floresta no Acre

Programa Arpa apóia iniciativa no entorno do Parque Nacional da Serra do Divisor.*













Módulo sobre meliponicultura aconteceu em agosto

Os conhecimentos e a experiência dos índios Ashaninka no manejo sustentável da floresta podem criar uma nova perspectiva para as comunidades não-indígenas do entorno do Parque Nacional da Serra do Divisor. Extrativistas da Resex do Alto Juruá, localizados às margens do Rio Amônia, são os principais beneficiários do Projeto Implantação de Sistemas Agroflorestais (Safs) e Manejo da Meliponicultura, coordenado por Benki Piyanko, liderança indígena da Comunidade Apiwtxa do Rio Amônia, e Sheyla Sant’Anna, gestora técnica e parceira da comunidade. Apoiado pelo Programa Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa), por intermédio do Funbio, o projeto é uma das atividades do Centro Yorenka Ãtame, iniciativa cultural e pedagógica inédita dos Ashaninka para levar seus conhecimentos para além dos limites da Terra Indígena Kampa do Rio Amônia.

Por meio da realização de cursos, o Centro Yorenka Ãtame, localizado no município de Marechal Thaumaturgo, promove a troca de saberes índios e não-índios, e neste projeto valoriza a implantação de sistemas agroflorestais e a produção de mel com abelhas nativas como opções mais saudáveis e sustentáveis para a manutenção das comunidades e da floresta. Os cursistas recebem casa, alimentação, pouquíssimas aulas teóricas e muitas práticas, e ainda podem visitar a aldeia Ashaninka para ver o que já está dando certo: fartura de comida nas casas, crianças saudáveis, cestos cheios de alimentos e caixas de abelhas espalhadas pelos quintais. A criação de abelhas nativas é um dos principais módulos do curso porque elas aumentam a polinização e trazem alimento suplementar à dieta das famílias.












Nina Kahn, do Funbio, acompanha atividade no Centro

O apoio do Arpa para o projeto, iniciado em julho de 2008 e com previsão de término no início de 2010, está vinculado ao subcomponente Participação Comunitária, que incentiva o fortalecimento das populações vizinhas às unidades de conservação de proteção integral apoiadas pelo programa. No caso do Parque Nacional da Serra do Divisor, o projeto tem como objetivo principal mostrar às famílias não-indígenas desalojadas pela criação do parque uma alternativa à derrubada de floresta no assentamento criado para recebê-las às margens do Rio Amônia. O desmatamento é incentivado pelo Incra, por meio de crédito, sendo considerado benfeitoria no processo de titulação definitiva das terras.

O projeto é realizado em sintonia com as atividades da Comissão Pró-Índio (CPI-AC), que também está recebendo apoio do Arpa dentro do subcomponente de participação comunitária. Alguns módulos de formação oferecidos pela CPI vão ocorrer no Centro Yorenka Ãtame e os Ashaninka poderão incluir seus bolsistas e alunos nessas capacitações. Essa ONG acreana foi pioneira no trabalho de formação de agentes agroflorestais indígenas e certamente plantou a semente do empreendedorismo entre os Ashaninka.

Mais sobre o Centro Yorenka Ãtame

Criado há um ano e meio, o Centro Yorenka Ãtame foi idealizado por sete irmãos para realizar um sonho do avô, Samuel Piyanko: promover a união de índios e brancos para perpetuar a principal fonte de abastecimento de suas famílias e vizinhos – a floresta viva, em pé.

O início dos trabalhos se deu em 2007, com a capacitação de jovens índios e não-índios (ainda em curso), e contou com financiamento da empresa Neutralize, voltada para projetos de neutralização de carbono. Índios Ashaninka do Peru, da Comunidade Tamaya, são presença nas capacitações. Todos os jovens, homens e mulheres, sejam índios ou não, recebem bolsas para trabalhar e aprender no Centro, que foi construído em uma área de pasto que está sendo totalmente reflorestada.

Fotos: Nina Kahn e Sheyla Sant'Anna
















Dona Maritô, da Resex do Alto Juruá, participa de capacitação

Os Ashaninka já trabalharam com madeira e caucho e convivem há cinco gerações com a população de não-índios, hoje ocupantes da Reserva Extrativista do Alto Juruá. Eles vêm observando as alterações aceleradas na paisagem que circunda suas terras, causadas, sobretudo pela conversão da floresta em pastagens. Foi este contexto que motivou as lideranças da comunidade a instalar o Centro Yorenka Ãtame, em Marechal Thaumaturgo, a referência urbana mais próxima das unidades de conservação da região. Construído na outra margem do rio Juruá, onde se localiza a cidade.

Na aldeia, os Ashaninka criam peixes e tracajás em açudes que já estão com capacidade de produção para extrativismo. Além disso, estão redefinindo uma área de criação de jabutis, já que a anterior foi destruída por uma imensa inundação, ocorrida este ano, que causou muitos prejuízos aos ribeirinhos amazônicos de modo geral. A formação de açudes para essa finalidade também está na agenda do Centro Yorenka Ãtame, que já tem seu viveiro em formação.

Outra inovação do Centro foi sua inserção na era digital, realizada por meio da Rede Povos da Floresta, iniciativa de uma Ong carioca, a Associação de Cultura e Meio Ambiente, e viabilizada com o apoio dos ministérios das Comunicações, da Cultura e do Meio Ambiente. Hoje eles possuem antenas parabólicas instaladas e computadores que permitem a comunicação entre as comunidades da floresta e um constante trabalho de denúncia contra a ação de madeireiras peruanas na região. São nove pontos de internet no Alto Juruá.

* Funbio Informa, 11/09/2008.
Colaboraram Marina Kahn (Funbio) e Sheyla e Sant’Anna (Associação Apiwtxa)

Leia mais sobre o Centro Yorenka Ãtame, aqui:
- Escola Saberes da Floresta Yorenka Ãtame
- A história do Yorenka Ãtame

8 de jun. de 2008

Ashaninka ensina a trabalhar a floresta


por Kaxiana*

Foto: Romerito Aquino
Benki Piyãko é uma liderança do povo Ashaninka










Um povo guardião da floresta que luta pelo desenvolvimento sustentável da Amazônia e contra a invasão constante de madeireiras peruanas para não destruir os ecossistemas florestais de uma das regiões de maior biodiversidade do planeta.

Assim são os índios Ashaninka, que vivem na Terra Indígena Kampa, situada ao longo do rio Amônia, no município de Marechal Thaumaturgo, no extremo oeste do Acre, fazendo fronteiras com o Peru, o Parque Nacional da Serra do Divisor, a Reserva Extrativista do Juruá e um assentamento do Acre.

De passagem recente por Brasília, o índio Benki Piyãko, uma das lideranças Ashaninka advertiu mais uma vez às autoridades brasileiras que seu povo já não suporta mais conviver com as constantes invasões de madereiros e traficantes peruanos, que destroem a rica biodiversidade da região e roubam madeiras valiosas que depois são exportadas pela cidade peruana de Pucalpa para o mercado internacional. Piyâko prometeu mais uma vez que, diante da ausência do estado brasileiro naquela fronteira totalmente desguarnecida, os índios vão resolver eles mesmos a questão da invasão. Ou seja, o conflito armado entre os índios e os invasores continua iminente.

A Kaxiana publica, abaixo, um artigo do próprio Benki Piyãko falando da luta de seu povo para preservar a integridade e a biodiversidade da floresta e do recém criado Centro de Formação Yorenka Ãtame – Saber da Floresta. Situado numa área de 86 hectares em frente à cidade de Marechal Thaumaturgo, o centro Yorenka se destina à formação, educação, intercâmbio e difusão de práticas de manejo sustentável dos recursos naturais da região do Alto Juruá. Leia, a seguir, o artigo de Benki, publicado originalmente no blog do Ashaninka, editado pela Associação Ashaninka do Rio Amônia (Apiwtxa).


Benki e a pajé Putani (Yawanawá) com assessores do senador Tião Viana (PT-AC)






* Kaxiana, Agência de Notícias da Amazônia, 12/10/2007

1 de jun. de 2008

Fundação France Libertés celebra parceria com Rede Povos da Floresta

por Stefania Fernandes*


Milton Nascimento, Benki Ashaninka e Danielle Mitterrand

A Rede Povos da Floresta inaugurou sede no Rio de Janeiro e a festa também celebrou a criação da Fundação France Libertés – Danielle Mitterrand no Brasil.

Fotos Ipojucan Ludwig
Benki Ashaninka, Milton Nascimento e Ailton Krenak

A France Libertés trabalha no Brasil desde o ano de sua criação, em 1986, e desde então a Fundação presidida por Danielle Mitterrand tem aprofundado suas relações com o nosso país.

No último dia 20, a Fundação France Libertés se aproximou ainda mais de nosso povo, pois comemorou a criação de uma sede no Rio de Janeiro em parceria com a Rede Povos da Floresta. As duas entidades já têm endereço numa bela casa localizada no bairro do Horto.

O jantar contou com a presença de Danielle Mitterrand, João Augusto Fortes e lideranças indígenas como Aílton Krenak e Benki Ashaninka. Outros amigos estiveram presentes, entre eles os músicos Milton Nascimento e Paulo Jobim.

A Fundação France Libertés – Danielle Mitterrand tem um histórico de vinte anos de trabalho para o desenvolvimento social e humano, através de projetos que constroem alternativas nas áreas econômica, social e solidária.

Ela apóia projetos de desenvolvimento econômico e social e contribui para que as populações desfavorecidas possam não somente receber, mas participar na construção de sua cidadania.

* Stefania Fernandes, Rede Povos da Floresta, 01/06/2008

5 de mai. de 2008

Aldeia Ashaninka

Ministro Gilberto Gil visita terras indígenas no município de Marechal Thaumaturgo (AC)

por Patrícia Saldanha*

Foto Comunicação Social/MinC










Rio Amônia correnteza acima, em direção à fronteira com o Peru, numa pequena embarcação de madeira, no município de Marechal Thaumaturgo (AC), o primeiro ministro de Estado brasileiro a pisar em terras indígenas Ashaninka, Gilberto Gil, pôde vivenciar in loco a diversidade da Cultura dos diferentes povos que compõem o país. A visita, realizada entre os dias 1º e 2 de maio, encerrou a viagem de uma semana que a comitiva do Ministério da Cultura (MinC) fez a três estados da Região Norte.

O ministro visitou a área indígena Ashaninka acompanhado dos secretários de Incentivo e Fomento à Cultura (Sefic/MinC), Roberto Nascimento, e de Programas e Projetos Culturais (SPPC/MinC), Célio Turino, além de gerentes e assessores. Os contrastes foram se esboçando já no caminho de ida. Ao atravessar o assentamento do Incra no rio Amônia, alguns quilômentros antes de chegar à área indígena, o ministro pôde observar o impacto que a última cheia do mês de janeiro causou às margens desmatadas do rio, em oposição à floresta intacta que margeia o Amônia, na reserva Ashaninka.

Foto Comunicação Social/MinC










Em conversa com os líderes que o receberam, Gil utilizou metáforas sobre a harmonia e desarmonia existentes na natureza, para destacar a importância de as comunidades autóctones do Brasil buscarem uma postura de mais integração e menos resistência, de maior intercâmbio cultural com a sociedade brasileira. “É preciso que o ideal da vida prevaleça sobre o ideal da luta”, disse. O ministro da Cultura reforçou a importância dos Pontos de Cultura indígenas usufruírem da tecnologia digital e audiovisual na preservação e divulgação de suas culturas. Também ressaltou a necessidade de se fazer uso consciente desses recursos, com avaliação constante pela própria comunidade dos danos e benefícios advindos dessas tecnologias.

Ponto de Cultura

Gilberto Gil visitou o Centro de Formação Yorenka Ãtame - Saberes da Floresta para conhecer os trabalhos que vêm sendo desenvolvidos pelo Ponto de Cultura da Associação Ashaninka do Rio Amônia, vinculada ao Programa Cultura Viva, da SPPC/MinC. Coordenado pela liderança Ashaninka, Benki Piãko, o Centro ensina a jovens índios e não-índios como realizar o manejo sustentável da floresta, sem causar danos ao meio-ambiente. “O Yorenka Ãtame foi criado pela necessidade de comunicação com a comunidade envolvente e para discutirmos os problemas que enfrentamos com a invasão de nossas terras”, comentou Piãko.

Hoje, o centro indígena tem uma dimensão maior, além de trabalhar com jovens e crianças da localidade, articula os demais povos nativos do Alto Juruá, na luta pela preservação da identidade cultural e pelo resgate dos saberes dos antepassados. Lideranças de outros três povos da região foram recepcionar o ministro Gil, na aldeia Apiwtxa. O exemplo da organização e do orgulho de ser indígena, do povo Ashaninka, tem influenciado as demais etnias aborígines do Rio Amônia. Índios que moram dispersos nas margens do rio e chamam a si próprios de caboclos, manifestaram ao ministro, o desejo de serem novamente reconhecidos como índios e se reagruparem em aldeias.

A liderança Francisco Ashaninka, secretário de Assuntos Indígenas do Governo do Acre, formalizou ao ministro Gil e ao secretário Célio Turino, o pedido para transformar o Centro Yorenka Ãtame em Pontão da Cultura dos Povos Indígenas. Ele disse que a solicitação visa reforçar a articulação com os demais povos da região e ampliar os trabalhos de conscientização dos colonos e ribeirinhos sobre a necessidade de preservar o meio-ambiente e diminuir os danos causados à floresta, pelo desmatamento.

Confraternização na Aldeia

As nuvens esconderam o céu da floresta durante toda à noite e uma chuva esparsa impediu os anfitriões de realizarem a programação cultural de cânticos e danças que haviam planejado. A alternativa foi a mostra de slides e vídeos feitos com apoio da Organização Não Governamental (ONG) Vídeo nas Aldeias, sobre as realizações da comunidade. Homenageado com uma cantiga indígena pelo cacique Antônio Ashaninka, o ministro retribuiu com a apresentação de uma música de sua autoria, o Cordel da Banda Larga.

* Patrícia Saldanha, Comunicação Social/MinC, 05/05/2008

30 de abr. de 2008

Ministro da Cultura Gilberto Gil visita a Escola Yorenka Ãtame Saberes da Floresta e a Comunidade Apiwtxa

Arquivo pessoal













Nesta semana, entre os dias 28 de abril e 2 de maio, o ministro da Cultura, Gilberto Gil, vai aos estados do Amapá, Roraima e Acre para lançar programas e projetos para o fortalecimento das atividades culturais na Região Norte.

No Acre e no Amapá, irá assinar acordos de cooperação do Programa Mais Cultura com os governos dos estados, anunciar projetos culturais e conhecer ações de Pontos de Cultura, comunidades indígenas e quilombolas. Já em Roraima, vai lançar, em parceria com o Banco da Amazônia, o Programa Amazônia Mais Cultura, com linhas de crédito, microcrédito e patrocínio para atividades culturais de toda a região.

Esse pacote de medidas é uma das estratégias do Ministério da Cultura para ampliar o apoio e os investimentos do Governo Federal nos estados do Norte. A partir da política de descentralização orientada pelo MinC, nos últimos cinco anos, os investimentos na região aumentaram 13 vezes - de R$ 2,4 milhões, em 2003, para R$ 31 milhões, em 2007.

“Historicamente, o Estado brasileiro investia pouco na Região Norte. Por um lado, isso se devia aos governos, mas por outro, era conseqüência da demanda ainda incipiente da própria região, que enviava poucos projetos ao MinC”, explica o ministro Gilberto Gil. “Nesses cinco anos, já conseguimos mudar parte desse quadro, agora queremos multiplicar esses avanços. Por isso, além do Programa Mais Cultura, que vai unir esforços das três esferas de governo e da sociedade civil para fortalecer o desenvolvimento cultural da região, também faremos nesse ano uma série de oficinas para que cidadãos e produtores do Norte possam se capacitar na elaboração, produção, captação e gestão de projetos culturais”, completa.

AGENDA

No dia 1º de maio, o ministro da Cultura segue para Marechal Thaumaturgo (AC), onde conhecerá a Escola Yorenka Ãtame - Saber da Floresta, iniciativa desenvolvida pela comunidade indígena da Reserva Ashaninka, que funciona como espaço de formação, educação, intercâmbio e difusão de práticas de manejo sustentável dos recursos naturais da região do Alto Juruá. Na ocasião, ele anunciará parceria com a Rede de Povos da Floresta, organização da sociedade civil que desenvolve ações de inclusão digital, de preservação ambiental e defesa dos povos tradicionais em cerca de 200 comunidades.

A parceria prevê o lançamento de 80 prêmios no valor de R$ 15 mil, cada um, para Povos da Floresta e Culturas Tradicionais. A idéia é apoiar comunidades que ainda não têm estrutura para se tornar Pontos de Cultura, disponibilizando recursos para o desenvolvimento de suas ações culturais. O projeto está em fase de elaboração e deve ser lançado ainda no segundo semestre deste ano.

Na tarde do dia 1º de maio, o ministro Gil vai visitar o Ponto de Cultura Associação Ashaninka do Rio Amônia, na comunidade indígena Apiwtxa. A comunidade fica a aproximadamente 80Km de Marechal Thaumaturgo e 350km de Cruzeiro do Sul, nas proximidades do limite com a Reserva Extrativista do Alto Juruá e o assentamento do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Demarcada em 1992 pela Fundação Nacional do Índio (Funai), a aldeia abriga 400 habitantes, o que representa cerca de 80% dos ashaninkas brasileiros. No dia 2 de maio, encerra sua missão oficial na Região Norte, retornando ao Rio de Janeiro.

SAIBA MAIS:

Cultura no Norte
Ministro da Cultura viaja a estados da região para lançar pacote de medidas para o desenvolvimento de ações culturais
, Publicado por Comunicação Social/MinC, 28/04/2008

Ministro da Cultura chega nesta quarta-feira a Rio Branco, Publicado por Agência de Notícias do Acre, com informações da Assessoria do MinC, 29/04/2008

5 de mar. de 2008

Resgate de tradições

por Stefania Fernandes*

Foto Rede Povos da Floresta














O Secretário de Incentivo e Fomento a Cultura do Ministério da Cultura Roberto Nascimento visitou o Centro Yorenka Ãtame, em Marechal Thaumaturgo , Acre, e seguiu até a Aldeia do Ashaninkas, no Alto Juruá. A visita resultou numa série de possibilidades de trabalho com o MinC.

Rede Povos da Floresta - Roberto, como foi sua experiência durante essa visita?

Roberto Nascimento - Foi um encontro extremamente auspicioso porque efetivamente estavam as principais lideranças reunidas e o que tentei fazer foi sistematizar o que havia de frentes de trabalho a serem atendidas a partir das demandas que foram apresentadas ao longo dos dias de convivência.

Rede - O que envolve a gestão do GT transfronteiriço?

Nascimento - Envolve exatamente uma aproximação dos Ashaninkas brasileiros dos Ashaninkas peruanos para fazer um trabalho de resgate da tradição Ashaninka já perdida - mais perdida do lado peruano que do lado brasileiro - o que é extremamente importante para o Ministério. O Ministério tem uma linha de atuação no sentido de valorizar a diversidade cultural e, principalmente com relação a essa possibilidade, de que a partir do território brasileiro se recupere e eventualmente se sistematize toda essa tradição cultural de uma mesma nação que está fragmentada por razões geopolíticas e não obviamente naturais, enfim, a cultura não reconhece esses limites fronteiriços.

Tem a questão do projeto Rede Povos da Floresta que já acompanho há bastante tempo. Além da importância da valorização da diversidade cultural pelas comunidades, a Rede Povos da Floresta possibilita a troca de informações, de tecnologias culturais, ambientais, saberes e fazeres dos povos que a integram.

Outra frente de trabalho é o Centro Yorenka Ãtame, que me surpreendeu porque eles têm uma infra-estrutura maravilhosa, preparado para se tornar além de um centro de informação, discussão, capacitação ambiental, um centro de difusão de cultura nos seus vários segmentos possíveis. O povo Ashaninka já tem uma tradição de manuseio de tecnologias áudio visuais, de produção de áudio visual, inclusive premiados, então ali pode se tornar um centro cultural que contemple várias outras dimensões de cultura como oficinas de música, produção de instrumentos, espaço para leitura com uma biblioteca mais estruturada, com maior número de títulos para oferecer, oficinas de dança, de teatro, de artesanato, enfim, tem um potencial realmente imenso. E não seria um foco exclusivamente para as populações indígenas. Está situado numa cidade com baixa oferta de equipamentos culturais, que é Marechal Thaumaturgo, com uma população jovem significativa que não tem oferta de lazer e cultura a partir dos seus equipamentos urbanos, então cria uma situação inusitada que é uma associação indígena que se aproxima de um centro de população branca, mas que pode estar sendo ofertante desses equipamentos e atividades culturais inclusive que pode pressupor um plano anual, um centro cultural dinâmico, com programação dinâmica ativa, atualizada. Já coloquei a disposição o programa que é a Programadora Brasil. No próprio site do Ministério (www.cultura.gov.br) é possível encontrar todas as formas de apoio financeiro ou de infra-estrutura que se pode oferecer para esse tipo de iniciativa, para realizar exibições em cine clube, em praças públicas para difundir essa produção áudio visual brasileira.

Rede - E como foi a sua experiência, pessoalmente?

Nascimento - Foi fantástica, nunca tinha tido essa experiência de estar realmente convivendo... esse conviver é no sentindo mais pleno mesmo, foi uma acolhida surpreendente, um povo extremamente hospitaleiro que sabe receber, que recebe de coração aberto, com portas abertas em todas as suas casas , enfim houve uma mobilização de comunidade para nos acolher, nos receber, nos deixar á vontade pra transitar e conversar com todas as pessoas. O Ministério já vem desde o ano passado identificando a necessidade de colocar a região norte do país como sendo uma região prioritária para a destinação das suas ações e está fazendo esforços para se aproximar dessa região, dos administradores e gestores locais.

* Stefania Fernandes, Rede Povos da Floresta, 05/03/2008

Aprendizado compartilhado

por Stefania Fernandes*

Foto Rede Povos da Floresta













Secretário de Políticas Culturais do Ministério da Cultura Alfredo Manevy visitou os Ashaninka, no Acre, durante os dias do carnaval. Ele teve a oportunidade de conhecer o Centro Yorenka Ãtame, em Marechal Thaumaturgo , e de estar na Aldeia dos Ashaninka, no Alto Juruá.

Rede Povos da Floresta - Essa iniciativa estreitou a relação do Ministério da Cultura com a Rede Povos da Floresta e com a Comunidade Ashaninka do Rio Amônea. Alfredo, como foi a sua visita?

Alfredo Manevy - Foi uma experiência transformadora em todos os sentidos. O Ministério da Cultura vem desenvolvendo uma política estratégica para as culturas indígenas e ela tem sido uma das agendas mais importantes do MinC nos últimos anos. Até 2003 o MinC não tratava culturas indígenas como parte da formação brasileira, da formação da nossa sociedade, e a gente vem tentando mudar radicalmente como o MinC dialoga com essas culturas, reconhece, dá apoio, busca incorporá-las em projetos estratégicos de desenvolvimento. Do fato de ter vindo para cá e conviver na aldeia Apiwtxa, com os Ashaninka e com o Projeto Rede Povos da Floresta, surge um conjunto de possibilidades muito interessantes de relações de projetos que a gente pode vir a desenvolver.

Rede - Quais são as possibilidades de trabalho com os Ashaninka?

Manevy - A Aldeia Apiutxa já tem um Ponto de Cultura que é um dos projetos mais importantes do Ministério da Cultura, um dos mais inovadores, que significa dar todo apoio para uma comunidade, desenvolver seu projeto cultural, desenvolver sua ação de memória, biblioteca, oficina, mestres do saber, ação e proteção de língua. O que a comunidade quiser fazer é ela que vai determinar, não é o Ministério. O Ponto de Cultura tem isso como fundamento, é a comunidade que diz o que é cultura, como é o seu plano de ação e o MiniC dá seu apoio material com instrumentos e meios, tecnologia, para que a comunidade possa desenvolver plenamente o que ela quer. No caso da Apiutxa, essa comunidade maravilhosa dos Ashaninka, maravilhosa porque é uma comunidade cultural, política, tradicional, que tem um projeto extraordinário para sua região, esse Ponto de Cultura vai ser certamente uma ferramenta a mais que eles vão ter pra desenvolver esse potencial todo.

Isso já existe e eu vejo que essa vinda para cá aponta em outras direções interessantes como, por exemplo, o Centro Yorenka Ãtame, que é um centro cultural que está construído e precisa de conteúdo, de cine clube, de capacitação, de apoio e a gente está pensando também num Ponto de Cultura para dar força para essa comunidade se desenvolver. A proposta deles é formar lideranças, líderes para o reflorestamento na região amazônica e outras regiões do Brasil, então a gente pode entrar também aí. Alguns vão perguntar, mas por que o Ministério da Cultura está entrando num projeto de reflorestamento. Isso é cultura? Na visão do MinC hoje, isso é cultura, não só as expressões artísticas, que são muitas as que estão ali em jogo, são parte da nossa cultura, mas certamente uma visão sócio-ambiental, de identidade daquela população. O meio ambiente está totalmente interligado aos saberes e valores daquelas pessoas, aos cidadãos que ali vivem, então essa integração a gente apóia, tem que dar todo apoio, o Ministério quer fortalecer.

Rede - E como pessoa, como foi a sua experiência?

Manevy - Foi maravilhoso. Posso dizer que esses quatro dias certamente me ensinaram muito, aprendi muito com os pajés, com os Ashaninka, com o Acre, com essa população maravilhosa, com esse projeto que está se desenvolvendo aqui há muitos anos. Tem uma energia muito positiva em tudo o que está acontecendo aqui no plano cultural, político, estético, saio enriquecido tanto institucionalmente como pessoalmente, e vou tentar levar essa energia para Brasília, para o ministério, para as pessoas que trabalham com a gente, para agitar todos esses programas, esses projetos tão importantes.

Rede - Me impressionou ver como eles são tão organizados. É impressionante, não é?

Manevy - Sim. Também me impressionou a forma como eles estão organizados, como eles têm um planejamento estratégico que é uma coisa muito difícil, até para instituições que tem todos os recursos, todos os meios, você planejar para 10 anos, 15 anos, é uma coisa muito difícil, que exige muita visão, sabedoria, capacidade de integração, de superação, de visões compartimentadas da realidade. Acho que até pela natureza da cultura dos Ashaninka, talvez essa visão holística que eles têm da natureza, da vida humana, talvez facilite a eles compreenderem que esse planejamento de longo prazo é a grande questão, de como eles vão conseguir criar uma tecnologia de longo prazo para produzir riqueza, distribuir riqueza entre eles, gerar bem estar naquela comunidade sem mudar o modo de vida deles, que é o grande desafio, como produzir riqueza econômica sem que isso altere seu modo de vida. Eles estão conseguindo fazer isso e acho que a replicagem disto no Brasil e no mundo, é algo que já se nota, essa semeadura já está se dando.

O que a gente conseguir tirar de replicagem dessa experiência vai ser um grande ganho para esse Brasil que está nascendo, se refazendo. Essa experiência deles aponta para uma visão de Brasil muito especial, um Brasil com a Amazônia no seu centro, uma floresta não como uso, mas como fim. As pessoas como patrimônio, não como meio, não como mercadoria, não como estoque para alguma coisa. Ali tem uma visão realmente que não é anti algo, ela é a favor de várias coisas, ela aponta em muitas direções e espero que esse conhecimento, esse aprendizado possa ser compartilhado.

* Stefania Fernandes, Rede Povos da Floresta, 05/03/2008

25 de dez. de 2007

Mensagem de um guerreiro sem arma que luta pela vida do mundo

por Benki Piyãko*

A Associação Apiwtxa e eu, Benki Piyãko, representante do Centro Yorenka Ãtame, queremos agradecer a todos os parceiros que contribuíram direta e indiretamente para a criação do Centro Yorenka Ãtame, que foi inaugurado no dia 7 de julho de 2007.













Depois de uma grande luta da Comunidade Ashaninka do Rio Amônia pela demarcação da nossa terra, pela preservação da nossa cultura, pela implantação da recuperação do nosso território, e pela implantação do manejo sustentável local da fauna e da flora na Comunidade Apiwtxa, temos hoje como resultado um sistema de SAFS com mais de 150 espécies de madeiras de lei e de frutas, e nossos açudes com tracajás e peixes.



Além disso, na nossa luta para a contenção de invasão de madeireiros e caçadores na nossa fronteira, mobilizamos e articulamos um sério envolvimento com IBAMA, Exército, Policia Federal, Governo, ONU, entre outros.

E esta luta ainda continua. Lutamos em defesa da soberania do nosso povo, pelos Direitos dos Seres Humanos e pela recuperação de toda biodiversidade da natureza.



Todo esse trabalho foi reconhecido em 1995, quando recebi o Prêmio de Direitos Humanos. E neste ano, 2007, a Associação Apiwtxa recebeu o Prêmio Chico Mendes na categoria Associação Comunitária, que premia comunidades amazônicas que se destacam na qualidade da gestão ambiental.

E para que possamos transmitir o conhecimento adquirido às pessoas e comunidades locais do entorno, criamos o Centro Yorenka Ãtame – Saberes da Floresta.













O Centro Yorenka Ãtame tem como objetivos:

- desenvolver novas técnicas de sustentabilidade;
- manejar os recursos naturais de forma mais técnica e sábia;
- desenvolver o reflorestamento local e do entorno, com modelo pode ser replicado em outros locais da Amazônia Panamericana;
- oferecer capacitação técnica para jovens índios e não-índios, para o cuidado e monitoramento da natureza;
- realizar intercâmbios com a ciência tradicional e a ciência acadêmica;
difundir esse conhecimento nacional e internacionalmente.



















Com isso pretendemos possibilitar a conservação e preservação da natureza, cuidando da nossa Floresta Amazônica e fortalecendo um novo sistema de intercâmbio com o Mundo, chamando à responsabilidade todos os seres humanos habitantes do nosso planeta Terra.

Assim, venho agradecer as pessoas que estão ligadas, direta ou indiretamente, com o nosso projeto e nosso trabalho, que se amplia a nível nacional e internacional.




Com a rede de amigos e também com a Rede Povos da Floresta estamos fortalecendo uma comunicação com o Mundo, tirando do isolamento e trazendo os povos da floresta para a presença de nosso país.

Essa união está nos possibilitando crescer juntos para recuperar a nossa natureza, que já foi e continua sendo tão degradada pelo ser humano.












As atividades no Centro Yorenka Ãtame começaram muito bem, com o desenvolvimento de projetos e trabalhos para todos nós.

Estamos realizando uma pesquisa com 12 jovens moradores do Município, sobre a implantação de SAFS. Fomos veículo na formação de agentes de saúde indígena com a formação de 20 pessoas.



Iniciamos o processo de inclusão digital que será realizada em todo território brasileiro – o primeiro ponto de instalação da antena foi o Centro Yorenka Ãtame, no dia 19 de novembro, para nós um motivo de muita alegria.

Demos continuidade com a formação dos líderes indígenas e com a implantação de mais 5 pontos no Alto Juruá.



Além disso, estamos desenvolvendo o trabalho de reflorestamento do entorno, com o projeto “Neutralize” que vai contribuir com a natureza diminuindo o gás carbônico da atmosfera e colaborando com o desenvolvimento local das comunidades, através da conscientização sobre a importância da troca do gado para o reflorestamento e os benefícios desta ação para o mundo.

E os trabalhos prosseguem...



E é com motivo de alegria que nós desejamos a todos um Natal iluminado, abençoado e agraciado, com toda a força da natureza que rege este Planeta.

E um Ano Novo de muitas conquistas floridas para todos nós. Que possamos ver este Planeta se recuperando e nos proporcionando uma vida sadia, sábia e próspera.
















* Benki Piyãko, Coordenador do Centro Yorenka Ãtame

30 de nov. de 2007

Yorenka Ãtame é equipada com internet

MMA inaugura primeiro ponto de acesso à internet em escola na Amazônia
por Grace Perpetuo*

A escola de educação ambiental Ayorenka Antami, no Acre, abrigou no último dia 24 de novembro o primeiro acesso à internet da agenda de 11 novos pontos - entre os 150 previstos para todo o País - de conexão da Rede de Monitoramento, Vigilância e Educação Ambiental de Comunidades Tradicionais e Indígenas e de Áreas Protegidas. Trata-se de uma malha digital que levará sinais de satélite, internet, educação ambiental e um cardápio de serviços públicos online a populações tradicionais e indígenas que vivem em Unidades de Conservação de 13 estados brasileiros. A escola fica na sede do município Marechal Thaumathurgo.

A iniciativa é fruto de um acordo entre os ministérios do Meio Ambiente e das Comunicações e a Rede Povos da Floresta - grupo que remonta à Aliança dos Povos da Floresta, de Chico Mendes. O acordo de cooperação técnica em que se baseia o projeto de inclusão digital foi firmado em março deste ano, no âmbito do programa Governo Eletrônico Federal de Atendimento ao Cidadão (Gesac), entre os dois ministérios e a Associação de Cultura e Meio Ambiente (RJ), representante da Rede Povos da Floresta. O principal objetivo do projeto de inclusão digital é fortalecer o papel das comunidades tradicionais e dos povos indígenas na gestão ambiental de áreas protegidas e seus entornos, valendo-se de monitoramento, vigilância e educação ambiental - sempre de forma articulada com as políticas culturais e educativas e as agendas de promoção da sustentabilidade dessas comunidades. O apoio do MMA ao projeto se dá por meio do Departamento de Educação Ambiental (DEA).

Os próximos cinco pontos da malha - também conhecida como Rede Povos da Floresta - serão inaugurados nas aldeias indígenas Arara e Ashaninka e em três localidades ao longo do Rio Tejo, na Reserva Extrativista Alto Juruá: Foz do Bagé, Restauração e Sete Estrelas. "E, entre janeiro e fevereiro do ano que vem serão implantados mais três pontos na região - desta vez em Belfort, Boavista e Foz do Breu", afirma o técnico Francisco Costa, que acompanha a gestão da cooperação do MMA com o projeto

* Grace Perpétuo, MMA - ASCOM, 30/11/2007

28 de nov. de 2007

Instalado Ponto da Rede Povos da Floresta no Centro Yoreka Ãtame

por Rede Povos da Floresta*

Foto Rede Povos da Floresta














Para o contentamento de todos os envolvidos na Rede Povos da Floresta, foi instalado o primeiro ponto no Centro Yoreka Ãtame – Saberes da Floresta - Centro de Intercâmbio de Conhecimento.

Durante este mês serão instalados ainda os pontos da Vila Restauçã - Rio Tejo, Comunidade Kontanawa do Sete Estrelas - Rio Tejo, Foz do Bagé - Rio Bagé e da Aldeia Apiwtxa - Rio Amônia.

A implantação conta com os seguintes apoios: Ministério do Meio Ambiente, Ministério das Comunicações, Ibama, Associação de Cultura e Meio Ambiente, Prefeitura de Marechal Thaumaturgo, Centro Yoreka Antâme, Governo do Estado do Acre e das comunidades envolvidas.

Nos meses de janeiro e fevereiro de 2008 serão instalados os pontos nas comunidades de Foz do Breu, Kaxinawa do Breu, Arara do Bagé, Boa Vista e Belford.

* Rede Povos da Floresta, 28/11/2007

1 de out. de 2007

A história do Yorenka Ãtame

por Benki Piyãko*

Através da Associação Apiwtxa viemos informar os parceiros e amigos da Rede a proposta criada por nós, líderes do povo Ashaninka, como vemos o mundo através de nossas experiências e, no mesmo instante, colocando nosso propósito de trabalho para complementar e difundir nossas experiências com outras regiões do planeta.

A grande degradação da biodiversidade responsável pelas mudança climática que vem ocorrendo na Terra nos causa preocupação.

Somos responsáveis pela minimização desses problemas que vem ocorrendo na Terra e nós indígenas estamos dando a nossa contribuição em meio a essa situação.

A longa história, sobre a preservação da natureza, contada pelos mais velhos sobre as invasões ocorridas em nossa terra, causava grande impacto pra nossa comunidade Ashaninka, da Terra Indígena Kampa do Rio Amônia.

Nossa terra fica situada na faixa de fronteira Brasil/Peru, sendo a principal terra Ashaninka no Brasil, reunindo 500 pessoas residindo na Aldeia Apiwtxa, fazendo limite com: o Peru, com a Reserva Extrativista (RESEX) do Alto Juruá, um assentamento do INCRA e o Parque Nacional da Serra do Divisor (PNSD).

Essa história fez com que as lideranças representativas dessa comunidade: Benki, Moisés, Isaac, Francisco e outras lideranças mais velhas, entre homens e mulheres da comunidade, se articulassem a um modelo de manejo para a reconstrução da natureza que foi e continua sendo devastada em nossa região e do entorno, criando assim um modelo de sustentabilidade social e ambiental.

Apesar do longo contato com a sociedade ocidental, o nosso povo preservou até os dias de hoje seus conhecimentos tradicionais, contados pelos mais velhos. Esses conhecimentos apresentam uma cultura milenar, sábia e rica que é repassada de geração a geração. Ao longo dos últimos quinze anos, nosso povo se tornou um exemplo de sustentabilidade social e ambiental para a região amazônica. As ações desenvolvidas por nós também serviram de fonte de inspiração para o governo do estado do Acre que, desde 1998, se denomina de “Governo da Floresta” e fez do desenvolvimento sustentável seu modelo estratégico de trabalho com a população indígena e não-indígena do Estado do Acre.

O nosso território, assim como toda região, passou e continua passando por grandes invasões predatórias, ocasionadas por madeireiros peruanos e caçadores de animais silvestres, que vêm de diversos lugares do entorno.

Diante desse constante fato, o nosso povo se organizou internamente para defesa do nosso território, no sentido de fortalecer a identidade cultural e étnica do nosso povo, com objetivo de mostrar uma nova forma de equilíbrio sustentável em relação aos nossos recursos naturais, ampliando tais conhecimentos para outras etnias e servindo de modelo a nível nacional e internacional.

Desde 1989, nós, Asheninka, criamos o primeiro Sistema de Recuperação de nosso território, utilizando as práticas de manejo sustentável.

Em 1992, ano da demarcação de nossa terra, criamos um projeto de pesquisa onde analisamos a riqueza de nosso território com o objetivo de criar alternativas de sustentabilidade econômica e ambiental visando a autonomia do povo Ashaninka e da região.

No âmbito do Centro de Pesquisa Indígena, com a centralização de um pequeno espaço isolado, começamos efetivamente o reflorestamento de nossa região, na qual foram plantadas mais de 80 mil mudas com uma diversidade de 146 espécies de árvores frutíferas e madeiras de leis, onde se pode em um ano tirar mais de 50 toneladas de alimentos para a comunidade.

Dentro desse trabalho de Sistemas Agroflorestais foi consorciada uma diversidade de espécies tais como apicultura, manejo de peixes em rios e lagos, além do manejo da fauna e flora.

Nossa luta em defesa do nosso território trouxe hoje uma nova reflexão para ampliar o conhecimento desse equilíbrio sustentável, mobilizando seminários e encontros nacionais e internacionais com outros parentes indígenas para defender o nosso território de onde tiramos nosso alimento e toda nossa sustentabilidade.

A necessidade de difundir este conhecimento acumulado pela comunidade Apiwtxa para a população da região, que inclui uma Reserva Extrativista, um Parque Nacional e outras terras indígenas, levou à criação de um projeto idealizado por Benki Piyanko, a partir de sua experiência como Secretário do Meio Ambiente do Município de Marechal Taumaturgo.

Esse projeto foi elaborado pelas lideranças da comunidade e chamado Centro de Formação Yorenka Ãtame – Saber da Floresta.

Com o apoio financeiro de alguns parceiros a comunidade Apiwtxa adquiriu uma área de 86 hectares em frente à sede do município de Marechal Thaumaturgo, onde está montada a estrutura física do Centro de Formação.

O projeto “Centro de Formação Yorenka Ãtame (Saber da Floresta)” foi inaugurado em julho de 2007. Ele é a continuação, fortalecimento e ampliação da longa luta do nosso povo para a proteção do meio ambiente e o desenvolvimento sustentável da região do Alto Juruá, uma das regiões mais ricas em biodiversidade do planeta.

Fruto da rica experiência do nosso povo com a sustentabilidade, o Yorenka Ãtame (Saber da Floresta) funciona como um centro de formação, educação, intercâmbio e difusão de práticas de manejo sustentável dos recursos naturais da região do Alto Juruá.

Estamos apresentando um projeto do espaço Yorenka Ãtame, como uma oportunidade para a população do rio Juruá poder ver os modelos de uso dos recursos naturais de forma mais prática e técnica.

Esse projeto também é para fortalecer os conhecimentos tradicionais, para que a população tenha uma nova visão sobre a floresta. Esta visão é saber como usar os recursos naturais sem agredir o meio ambiente e a natureza, de forma que esse saber possa ser reconhecido como ciência de conhecimentos práticos, recuperando terras, florestas e animais, cuidando da biodiversidade em geral.

Para isso, vamos disseminar novos conhecimentos na área da sustentabilidade e formar jovens e adultos para trabalhar uma nova forma de manejo da floresta, manejo dos recursos naturais.

Vamos fazer manejo de fauna, de quelônio para repovoação, manejo de rios e lagos com espécies de peixes que vivem na região, manejo de abelhas nativas. manejo de sementes e também recuperação da floresta com plantios de frutíferas, restaurando áreas degradadas, manejo de espécies de madeira, sobretudo protegendo as águas de nossos rios e igarapés e diversos outros trabalhos, assim como estudar as leis ambientais.

Com isso visamos o nosso futuro e o futuro de novas gerações.


O Centro Yorenka Ãtame também está aberto para pessoas de outras instituições para seminários, intercâmbios, oficinas com projetos de educação, cultura, meio ambiente.

*Benki Piyãko, Vice-Presidente da Associação Apiwtxa e Coordenador do Centro Yorenka Ãtame – Saber da Floresta


4 de ago. de 2007

Inaugurada Escola Saberes da Floresta Yorenka Ãtame

por Rede Povos da Floresta*

Foto Rede Povos da Floresta













Com previsão para durar três anos, o Projeto Escola Yorenka Ãtame (Saber da Floresta), da Associação Ashaninka do Rio Amônia, pretende dar continuidade à preservação de seus conhecimentos tradicionais e fortalecer e ampliar sua luta para a proteção do meio ambiente e o desenvolvimento sustentável da região do Alto-Juruá, uma das regiões com maior riqueza em biodiversidade do planeta.

De julho de 2007 a julho de 2010, o município de Marechal Thaumaturgo sediará o centro de formação, educação e difusão de práticas de manejo sustentável dos recursos naturais da região do Alto-Juruá.

Um dos principais povos indígenas da bacia amazônica, os Ashaninka têm uma população de mais de 60 mil e que ocupa um território que se estende dos Andes centrais do Peru à bacia do Alto-Juruá.

Nômades tempos atrás, hoje os Ashaninka possuem uma área demarcada e isso fez com que eles começassem a desenvolver técnicas sustentáveis como forma de preservar a região. Entre outras coisas, os Ashaninka desenvolvem um trabalho de repovoamento de rios e matas e reflorestamento de árvores.

Segunto Luiz Paulo Montenegro, um dos mantenedores do projeto, hoje os Ashaninka têm uma noção exata da sua cultura e querem mantê-la ao mesmo tempo em que utilizam o que apreenderam em contato com o não índio.

- Eles têm a percepção de que não adianta manter a reserva intacta se os arredores estiverem degradados. O Rio Amônia nasce no Peru e é um rio essencial para a sobrevivência de qualquer comunidade na Amazônia. A idéia da escola é fundir o conhecimento que eles têm da floresta, das plantas, das sementes, das ervas, com o conhecimento ambiental, de ecologia, biologia, zoologia, e com isso ministrar cursos de formação técnica, de manejo sustentável, - explica Luiz Paulo.

Os cursos, que terão duração aproximada de 20 a 40 dias, ensinarão a fazer coleta e tratamento de sementes, criar e preservar peixes e quelônios, manusear os ovos das tartarugas e protegê-los de predadores, fazer açudes, desenvolver a apicultura, entre outras coisas.

Com uma área de 770 mil hectares e uma população de 8.292 habitantes, o município de Marechal Thaumaturgo é o único no Brasil a ter aproximadamente 95% de seu território constituído por terras protegidas e amparadas por lei. A escola Yorenka Ãtame pretende apoiar o território a conservar todas essas terras protegidas e a riqueza de sua biodiversidade.

Estiveram presentes na inauguração: Arnóbio Marques, governador do Acre; Carlos Alberto, secretário de articulação do governo; Itamar de Sá, prefeito de Marechal Thaumaturgo; Perpétua de Sá, deputada estadual; Luiz Paulo Saade Montenegro e Bruno Mariani, apoiadores do Centro Yorenka Ãtame; Francisco Pinhanta, Assessor especial dos povos indigenas; Luiz Valdenir, coordenador da OPIRJ; José Pimenta, professor de antropologia UnB; Mariana Pantoja, professora da UNICAMP; Vera Olinda, pedagoga da Comissão Pró-Índio do Acre; Cloude Correia, técnico do IIEB além de diversas lideranças indígenas e extrativistas da região.

* Rede Povos da Floresta, 04/08/2007

15 de jul. de 2007

A escola Yorenka Ãtame e os saberes da floresta

por Vera Olinda Sena*














O povo Ashaninka do rio Amônia inaugurou no dia 7 de julho passado, em frente à sede do município de Marechal Thaumaturgo, a Escola Yorenka Ãtame, um espaço educativo, cultural e ambiental destinado a promover a troca de saberes, o diálogo intercultural e a formação de jovens e adultos da floresta numa nova perspectiva de aprendizagem. Na inauguração, mais de uma centena de pessoas das terras indígenas circunvizinhas, da Reserva Extrativista do Alto Juruá, do Parque Nacional da Serra do Divisor e das cidades de Marechal Thaumaturgo, Cruzeiro do Sul, Tarauacá, Rio Branco, Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo, além de representantes de países como Irlanda, Canadá e Austrália, estiveram presentes, vendo, ouvindo e falando sobre essa grande novidade da floresta, confluindo a força das diferenças em uma convivência interativa.

A Yorenka Ãtame é um projeto antigo dos Ashaninka. Nasceu desde as experiências que estão dando certo na comunidade APIWTXA do rio Amônia para a gestão dos recursos naturais de sua terra indígena. Essas experiências valorizam fortemente as culturas, as línguas indígenas e o jeito de viver de cada povo da floresta para proteger o meio ambiente e criar alternativas econômicas e socioculturais sustentáveis. O que certamente lhes obriga a refletir sobre essa complexidade e enfrentar os conflitos, as tensões, os problemas e suas soluções. E isto as lideranças Ashaninka fazem muito bem! Por isso, resolveram estender os trabalhos que vêm realizando na sua comunidade para toda a população do vale do Alto Juruá acreano.

Nas palavras de Francisco Pinhanta, assessor especial de assuntos indígenas do governo do estado, a “Yorenka Ãtame significa muito para os Ashaninka. Nem dá para a gente expressar em uma situação desta a sua tradução correta, porque o sentido é muito profundo e precisa de muito tempo para entender o seu significado. Yorenka é saber, é ciência, é conhecimento. Isso é guiado pelos espíritos da floresta, os mistérios e os ensinamentos que aprendemos conversando, aconselhando, respeitando os mais velhos e a natureza e, principalmente, fazendo trabalhos práticos”.

Os dias que antecederam a inauguração foram de muitas rodas de conversações. Um grupo de Ashaninka formado por antigas lideranças, como o seu Antonio Piyãko e o Cláudio, bem como pelos mais jovens, como Benki Piyãko, Isaac Totto, Francisco, Otxe, Komãyari, Wingo, Moisés, Wewito e ainda por mim e os antropólogos Cloude Correia, Mariana Pantoja e Hamilton, que ficamos muito satisfeitos e honrados pelo convite para estarmos ali participando daquelas conversas importantes.

Organizamos uma chuva de idéias sobre o sentido daquele espaço, pensando juntos como ele deverá, de fato, se constituir. Como deverá funcionar? Quem deverá ocupá-lo? E o que deverá produzir? Tomara ser fácil para o leitor imaginar a riqueza destas questões e a solidez da interculturalidade: um grupo de gente debatendo, em duas línguas, as potencialidades daquele espaço criado, que se articula com os enormes problemas e possibilidades de soluções para renovar o ser e o fazer naquela importante região acreana.

Na intensa semana da inauguração, foi muito bacana ver e ouvir o Benki, principal articulador da Yorenka Ãtame, coordenando uma equipe de vinte e seis jovens não-indígenas da sede do município de Thaumaturgo, que já estão envolvidos nas atividades práticas de manejo. Em agosto próximo, todos eles estarão participando de uma oficina de coleta de sementes, ministradas também pelo Benki. Conversamos com alguns desses jovens, que demonstraram enorme gratidão pelo que estavam aprendendo, especialmente pelo novo olhar de valorização da floresta, de seus povos indígenas e populações tradicionais. “Tudo como sendo parte de um todo”, como disse a Naiana, uma dessas jovens de Thaumaturgo.

Também foi valioso conversar com alguns moradores da Reserva Extrativista do Alto Juruá e perceber que eles ainda estão motivados a refazer seus projetos. Em vários momentos, colocaram que acham oportuno criar situações para que alguns de seus moradores, freqüentando a Yorenka Ãtame, possam reavivar a importância da ocupação da Reserva a partir de uma lógica mais coletiva, superando a lógica da propriedade privada. Muitos falaram da necessidade de se debater sobre o valor dos conhecimentos tradicionais, de retomar a luta pelos direitos frente à crise política e de lideranças que, hoje, parece tomar conta da maioria de seus moradores. Não foram poucas as falas públicas recuperando a luta pela criação da Reserva, avaliando o momento atual e a importância de pensar o futuro, articulando educação e participação com a proteção da floresta e de suas águas.

As conversas foram regadas à caiçuma, feita, com primor, pela Goya e a Derléia Ashaninka. Também tomamos o kamarãpe, ou cipó da ayahuasca, ouvindo cantorias indígenas dos Ashaninka, Arara, Kaxinawá, Kontanawa e Jaminawa-Arara, que nos trouxeram muita inspiração e ensinamentos. Dessas conversas, gostaríamos mesmo de mostrar todo o texto bruto, para que o sentimento, o falar com o coração, transparecesse nesta escritura. Mas isso não é possível, porque não temos todo esse espaço nesta coluna e pela ausência da veia poética no sangue. Por isso, daqui para frente, apresentamos apenas fragmentos de discursos, que só podem ser amorosos, de tão eloqüentes, sinceros e comprometidos. São discursos das lideranças Ashaninka e do governador Binho Marques. Apreciem sem moderação!

Francisco Pinhanta

“A Yorenka Ãtame não veio para competir nem tomar lugar de nenhuma outra escola. Está sendo hoje criada para inaugurar um projeto de sustentabilidade para esta região. Este projeto tem por base a experiência que a APIWTXA desenvolve em gestão ambiental na nossa terra indígena. Na aldeia fazemos safs, manejos de recursos naturais, artes e ofícios, apicultura, piscicultura, repovoamento de quelônios, palmeiras e palheiras, proteção da fronteira, artesanato etc. Isto quer dizer que não é a lógica de ser mais uma escola, mas um espaço que trata os saberes da floresta como exemplos de confiança e resistência.

A urgência do povo Ashaninka é envolver mais pessoas para refletir sobre a importância de proteger a biodiversidade e a sociodiversidade de nossa rica região do Alto Juruá, de refletir sobre o prejuízo que muitas vezes os conhecimentos de fora trazem para as populações locais. Temos que dialogar com outros conhecimentos, mas antes, temos que valorizar os conhecimentos tradicionais dos diversos povos de nossa região.

Estamos fortalecendo, na prática, uma aliança que é nossa. Este espaço vai funcionar respeitando e promovendo a participação e a democracia. Nos momentos de discussão, os parentes desta região, as lideranças de seringueiros, todos, enfim, vão ser chamados para discutir algumas questões importantes que passam pela gestão dos recursos naturais desta imensa região de grande biodiversidade e sociodiversidade”.

Lideranças Ashaninka na inauguração da Escola Saberes da Floresta







Moisés Piyãko

“Este espaço é para promover encontros, juntar conhecimentos, fazer troca de saberes, fazer troca de experiências e reunir pessoas com suas culturas e essa diversidade toda. Para pensarmos juntos um projeto de desenvolvimento sustentável para nossa região. Trazer para dentro deste espaço as formas tradicionais de ensino, com conversas, conselhos, decisões que temos que tomar juntos. Trazer os mais velhos para cá para apoiar e ensinar jovens e adultos de todas as nossas comunidades”.
Isaac Totto

“A Escola Yorenka Ãtame vai promover um espaço de debate para a ação. Quem passar por aqui vai se preparar para a ação. Aqui é um espaço para práticas sustentáveis. Prática e reflexão vão andar juntas.

O espírito desta escola é a gente compartilhar nossos conhecimentos com os nossos vizinhos índios e brancos. E o que eles têm a nos oferecer e que possam também compartilhar com nosso povo. Este é o verdadeiro espírito da coisa. Se a gente mantiver este espírito, este espaço vai fluir. Vamos atingir nosso objetivo de viver em harmonia com a natureza. Este é nosso grande alvo. Viver bem! Nosso alvo é a vida do ser humano e a vida do planeta. E como vamos garantir isso? Podemos criar gado, criar peixe, criar galinha, podemos plantar arroz, podemos criar e plantar qualquer tipo de coisa que venha nos beneficiar, mas fazendo isso, qual é a agressão que estamos causando à natureza? Este é o desafio deste espaço. Como vamos nos organizar para que se tenha tudo isso, mas que o rico seja a permanência da diversidade biológica e nossa rica diversidade sociocultural”.

Governador Binho Marques

“Estamos aqui com muita alegria inaugurando um ambiente de formação, um ambiente que é importante para este novo momento que estamos vivendo. E que depois desta trajetória, que nós compartilhamos a vida toda, vamos dar um passo fundamental para que o desenvolvimento sustentável, que a gente sempre sonhou, possa efetivamente acontecer.

Quero dizer que, apesar do seu Antonio Piyãko está triste com as invasões patrocinadas por madeireiros peruanos e com os problemas ambientais do entorno, eu quero dizer ao seu Antonio que estamos juntos com ele. E juntos com os amigos que apoiaram a realização e a concretização deste empreendimento. Quero agradecer a todos vocês que vieram participar deste evento e dizer que este momento é importante para a gente renovar nossas esperanças e colocar desafios mais significativos para nossas vidas.

Meu sentimento é de alegria com a vitória e a resistência do povo Ashaninka. É um momento de alegria, mas não de euforia. Seria de euforia se estivéssemos com esta iniciativa espalhada por todo o Acre e por toda a Amazônia, mas essa nossa alegria tem que ser grande o suficiente para que possa contagiar todos os povos desta região do Alto Juruá e fortalecer ainda mais a nossa união. Há vinte anos atrás a gente cantava o hino do seringueiro, festejando a criação das reservas extrativistas, a consolidação das terras indígenas, como se fosse nosso ato último para que entrássemos na redenção, na alegria eterna. Hoje em dia, nós sabemos que ainda temos muita luta pela frente. Hoje, comemoramos uma vitória que foi construir este espaço com a parceria de muita gente de dentro e de fora do estado. E que só foi possível construí-lo também graças a um povo altivo, criativo, guerreiro e feliz, como os nossos parentes Ashaninka. Então, este momento está repleto de significados e será mais significativo se for um momento de passagem de uma história para outra nova história.

Temos uma trajetória grande pela frente, diferente da que tivemos para trás em que foi sacrificado Chico Mendes, Hivair Higino, Wilson Pinheiro e tantos outros.

Tenho certeza que este espaço vai ser um ambiente que vai formar a substancia da luta que nos teremos pela frente. A nossa luta agora depende de muito conhecimento e formação.

Quero dizer que estou de corpo e alma nessa nova luta. Juntos, precisamos encontrar o nosso caminho e levantar a nossa bandeira. Não basta dizer só que nossa bandeira é contra o desmatamento, temos que encontrar uma alternativa de vida e sobrevivência para nossos povos, para todos os índios, colonos, seringueiros e ribeiros para que preservem as nossas florestas. Mas esta não é uma trajetória fácil. Este é um momento de esperança no futuro, que talvez só a sabedoria dos povos indígenas, como a dos Ashaninka, Kaxinawá, Arara, Jaminawa-Arara, Poyanawa, Nukini, Katukina, Yawanawá e outros, possam nos ajudar a encontrar um novo e promissor caminho.

Com isso, quero dizer que, como representante do Governo da Floresta, o César Messias como vice-governador e os demais secretários aqui presentes, que estamos aqui para aprender também e assim construir um novo pacto para uma vida melhor e mais feliz para todos. Então meus amigos, vamos renovar nossas esperanças e fazer com que este ambiente possa ser produtivo e se espalhar por todo o Acre, chegar ao Amazonas, desaguar no mar e construir um novo modelo de civilização”.

Francisco Pinhanta, vice-governador César Messias, Governador Binho Marques, seu Antôno Piãko e Moisés Ashaninka, na inauguração da Yorenka Ãtame





Luiz Paulo Montenegro

“Hoje os Ashaninka têm uma noção exata da sua cultura e querem mantê-la ao mesmo tempo em que utilizam o que aprenderam em contato com os não índios. Eles têm a percepção de que não adianta manter a sua terra preservada, se os arredores estiverem degradados. O rio Amônia nasce no Peru e é um rio essencial para a sobrevivência de qualquer comunidade na Amazônia. A idéia da escola é fundir o conhecimento que eles têm da floresta, das plantas, das sementes, das ervas medicinais, com o conhecimento ambiental, da ecologia, biologia, zoologia, e com isso ministrar cursos de formação técnica, de manejo sustentável”, declarou Luiz Paulo, um dos mantenedores da Escola Yorenka Ãtame, no blog da APIWTXA. Leia mais sobre esse assunto e as invasões de madeireiros peruanos na terra Ashaninka, no Parque Nacional da Serra do Divisor e, agora mais recentemente, na Resex Alto Juruá no seguinte endereço: http://apiwtxa.blogspot.com/.

Benki Piyãko

“Os Ashaninka sabem que o valor dos conhecimentos tradicionais também é muito forte entre os outros povos indígenas e não indígenas de nossa grande e rica floresta. Por isso, vamos valorizar e compartilhar estes conhecimentos com os seringueiros, os ribeirinhos e os jovens de Marechal Thaumaturgo.

Nossa preocupação é dar instrumentos para a juventude se preparar para os desafios ambientais e socais do futuro. Como a juventude vai enfrentar os problemas que estão aí e que estão ficando cada vez mais graves? Qual a reflexão que fazemos sobre a região do Alto Juruá, o Acre, o Brasil e o mundo? Nossa juventude está preparada? Está refletindo sobre os nossos problemas?”

Finalizando o papo

O papo, na verdade, começa aqui com o funcionamento dessa nova escola da floresta. A Yorenka Ãtame vai funcionar inicialmente com oficinas de manejo de recursos naturais: de apicultura; de coleta de sementes para reflorestamento de áreas degradadas e oficinas de artes e ofícios. Em todas essas oficinas vão ocorrer estudos sobre sociedade e meio ambiente. A área de comunicação e informática também vai ser transversal a todas elas. Esperamos de todo coração, que a Yorenka Ãtame seja uma árvore muita frondosa, como uma grande samaúma, moradia de muitos espíritos de sabedoria, e que, sob sua copa, floresçam outras grandes árvores dessa nossa imensa floresta.

* Vera Olinda Sena, Educadora e representante da Comissão Pró-Índio do Acre. Página 20 - Papo de Índio, 15/07/2007

3 de jul. de 2007

Yorenka Ãtame

por Altino Machado*

Índios ashaninka criam "Escola Saberes da Floresta" para ensinarem extrativistas e ribeirinhos do Vale do Juruá a estabelecerem uma relação com a floresta sem danos ambientais















Além de lutar diariamente para conter a invasão e a destruição dos recursos naturais de suas terras por madeireiros peruanos, na fronteira do Brasil com o Peru, no Vale do Juruá, a Associação Ashaninka do Rio Amônia (Apiwtxa) ainda consegue se mobilizar para inaugurar no sábado a Yorenka Ãtame – Escola Saberes da Floresta, uma iniciativa que poderá se tornar num marco na defesa das florestas da região.

A Yorenka Ãtame pode ser um exemplo de como restaurar o meio ambiente e ter uma facilidade muito mais prática de ensinar os ribeirinhos. Apoiada pela Rede de Amigos da Escola, Governo do Estado do Acre e prefeitura de Marechal Thaumaturgo, a escola é um desafio do povo ashaninka, que vai ensinar a população branca da região a estabelecer uma relação com a floresta sem danos ambientais.

"A Escola é um desafio grande para o nosso povo, para enfrentar até mesmo os conhecimentos acadêmicos", afirma Benke Pinhanta, ashaninka criador e coordenador da escola. Segundo Benke, a escola veio para mostrar um novo modelo que a comunidade ashaninka desenvolveu voltado à segurança e sustentabilidade alimentar.

"As coisas ficam muito entregues na mão do governo, prefeitura, dos políticos, e muito pouco nas mãos dos representantes do cooperativismo", assinala Benke.

A escola vai receber até 80 pessoas de uma vez, 40 pessoas em cada curso, e conta até com os recuros da Internet. Benke avalia que hoje há muita discussão sobre como fazer com relação aos problemas ambientais.

"Tem muitas pessoas quase gritando que está se acabando a floresta, o ar, as águas, estão mudando o clima. Mas isso está acontecendo porque a gente não está construindo para amenizar o que está acontecendo. A parte científica deve se voltar para o lado prático também", aconselha.
Benke considera o manejo a coisa mais séria. "O erro é que estão estudando o que vem de fora: a experiência de manejo florestal que aconteceu na Europa - França, Alemanha, Inglaterra e Estados Unidos, a parte acadêmica sobre os planos de manejo dos recursos de uma forma econômica. Para a gente, não dá para copiar aquele modelo de fora".

Ele disse que na Europa existe pouca floresta nativa, muito já foi destruído e o que resta na maioria é monocultura de pinheiro e outras espécies. "Temos que ter o nosso inventário porque muitas coisas boas já foram construídas com essa diversidade de madeira, a ciência e a consciência que o povo tem aqui sobre esse manejo", acrescenta.

Como a Universidade da Floresta está se revelando fora de foco, como um campus avançado da Universidade Federal do Acre com cinco cursos em Cruzeiro do Sul, a escola Yorenka Ãtame quer por em prática a transmissão dos saberes da floresta dos índios para os extrativistas e ribeirinhos.

*Altino Machado, 03/07/07
Direto do Blog do Altino

8 de jun. de 2007

Escola Yorenka Ãtame, dos Ashaninkas, dá curso para monitores da Reserva Extrativista do Alto Juruá

Benke aconselha Universidade da Floresta a ter um olhar mais profundo sobre a sobrevivência do povo

por Flamínio Araripe*

O primeiro curso da escola Yorenka Ãtame (Saberes da Floresta) dos Ashaninkas, construída no rio Amônia na margem oposta ao município de Marechal Thaumaturgo, reuniu índios e brancos da Reserva Extrativista do Alto Juruá (Reaj).

O encontro teve o objetivo de treinar os monitores da Reaj, disse Benke, Ashaninka coordenador e criador da escola.

"Essa escola pode ser um braço muito importante para a Universidade da Floresta, no futuro", afirma Benke. Também participaram do encontro os antropólogos Mauro Almeida e Manuela Carneiro da Cunha, da Unicamp.

"Foi uma experiência muito importante. Não tem muita coisa a ficar discutindo. Temos que fazer mesmo. As coisas já estão prontas", disse o coordenador da escola.

Benke avalia que hoje há muita discussão sobre como vamos fazer com relação aos problemas ambientais. "Tem muitas pessoas quase gritando que está se acabando a floresta, o ar, as águas, estão mudando o clima. Mas isso está acontecendo porque a gente não está construindo para amenizar o que está acontecendo. A parte científica deve se voltar para o lado prático também", aconselha.

O líder Ashaninka observa que muitas pessoas jovens estão aprendendo a parte acadêmica. "Mas quem está avançado deve colocar essa coisa na prática, tanto ensinar como colocar na prática. A escola Yorenka Ãtameestá pra disso", assinala.

"Se a Universidade da Floresta quer desenvolver algo ligado à Amazônia, ao Acre e ao povo da região, temos que ter um olhar mais profundo sobre a sobrevivência do povo", disse Benke.

Após participar de um encontro na Reunião Anual da SBPC sobre manejos florestais, ele criticou o enfoque econômico dado ao tema, à visão de apenar tirar madeira.

Como manejar, segundo Benke, é a coisa mais séria. "Estão estudando o que vem de fora: a experiência de manejo florestal que aconteceu na Europa - França, Alemanha, Inglaterra - e Estados Unidos, a parte acadêmica sobre os planos de manejo dos recursos de uma forma econômica. Para a gente, não dá para copiar aquele modelo de fora".

Na Europa tem pouca floresta nativa, muito já foi destruído e o que resta na maioria é monocultura de pinheiro e outras espécies, observa Benke. "Temos que ter o nosso inventário porque muitas coisas boas já foram construídas com essa diversidade de madeira, a ciência e a consciência que o povo tem aqui sobre esse manejo", acrescenta.

"Se a Universidade da Floresta está prevendo uma sustentabilidade dos recursos florestais, precisa ter uma visão do que o povo aprendeu na floresta. A experiência daqui pode ser um primeiro modelo universal", avalia Benke.

Segundo ele, temos uma grande diversidade de madeira, de plantas e experiência do povo da floresta – seringueiros, índios e agricultores.

Na concepção de Benke, "a Universidade da Floresta tem uma coisa estratégica científica grande que deve ter um olhar mais profundo sobre a realidade daqui".

Enquanto o projeto da Universidade da Floresta não sai do campo da discussão e permanece como um campus avançado da Ufac com cinco cursos em Cruzeiro do Sul, a escola Yorenka Ãtame procura por em prática a transmissão dos saberes da floresta dos índios para os extrativistas e ribeirinhos.

"A Escola é um desafio grande para o nosso povo para enfrentar até mesmo os conhecimentos acadêmicos. A gente aposta nessa experiência que pode ser uma estratégia para essa população da região do Juruá", acentua Benke.

Para ele, a Yorenka Ãtame pode ser um exemplo de como restaurar o meio ambiente e ter uma facilidade muito mais prática de ensinar os ribeirinhos.

De acordo com Benke, a escola veio com o fim de mostrar um novo modelo que a comunidade Ashaninka desenvolveu voltado à segurança e sustentabilidade alimentar.

A experiência, ele conta, "surgiu de uma necessidade por falta de organização dos representantes municipais. As coisas ficam muito entregues na mão do governo, prefeitura, dos políticos, e muito pouco nas mãos dos representantes do cooperativismo", constata.

A escola está prevendo receber até 80 pessoas de uma vez, 40 pessoas em cada curso. O primeiro passo que é a construção, já foi dado e a obra física foi terminada. Falta colocar água com um poço artesiano e luz, mas a Internet já está chegando, relata Benke.

Mesmo sem ter terminado a infra-estrutura, foi dado um curso em parceria com a Unicamp. Benke conta que já está sendo preparado o projeto para receber as pessoas na escola. "Precisamos de recursos para o primeiro curso", informa.

*Flamínio Araripe, Jornal da Ciência, de 08 de Junho de 2007.

4 de jun. de 2007

Escola Saberes da Floresta Yorenka Ãtame

por Gal Rocha*

Com previsão para durar três anos, o Projeto Escola Yorenka Ãtame (Saber da Floresta), da Associação Ashaninka do Rio Amônia, pretende dar continuidade à preservação de seus conhecimentos tradicionais e fortalecer e ampliar sua luta para a proteção do meio ambiente e o desenvolvimento sustentável da região do Alto-Juruá, uma das regiões com maior riqueza em biodiversidade do planeta.

De julho de 2007 a julho de 2010, o município de Marechal Thaumaturgo sediará o centro de formação, educação e difusão de práticas de manejo sustentável dos recursos naturais da região do Alto-Juruá.

Um dos principais povos indígenas da bacia amazônica, os Ashaninka têm uma população de mais de 60 mil e que ocupa um território que se estende dos Andes centrais do Peru à bacia do Alto-Juruá.

Nômades tempos atrás, hoje os Ashaninka possuem uma área demarcada e isso fez com que eles começassem a desenvolver técnicas sustentáveis como forma de preservar a região. Entre outras coisas, os Ashaninka desenvolvem um trabalho de repovoamento de rios e matas e reflorestamento de árvores.

Segunto Luiz Paulo Montenegro, um dos mantenedores do projeto, hoje os Ashaninka têm uma noção exata da sua cultura e querem mantê-la ao mesmo tempo em que utilizam o que apreenderam em contato com o não índio.

- Eles têm a percepção de que não adianta manter a reserva intacta se os arredores estiverem degradados. O Rio Amônia nasce no Peru e é um rio essencial para a sobrevivência de qualquer comunidade na Amazônia. A idéia da escola é fundir o conhecimento que eles têm da floresta, das plantas, das sementes, das ervas, com o conhecimento ambiental, de ecologia, biologia, zoologia, e com isso ministrar cursos de formação técnica, de manejo sustentável, - explica Luiz Paulo.

Os cursos, que terão duração aproximada de 20 a 40 dias, ensinarão a fazer coleta e tratamento de sementes, criar e preservar peixes e quelônios, manusear os ovos das tartarugas e protegê-los de predadores, fazer açudes, desenvolver a apicultura, entre outras coisas.

Com uma área de 770 mil hectares e uma população de 8.292 habitantes, o município de Marechal Thaumaturgo é o único no Brasil a ter aproximadamente 95% de seu território constituído por terras protegidas e amparadas por lei. A escola Yorenka Ãtame pretende apoiar o território a conservar todas essas terras protegidas e a riqueza de sua biodiversidade.

*Gal Rocha, 04/06/2007
Direto da Rede Povos da Floresta